sábado, 24 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
é triste o nosso FADO
“...A Incerteza É Elevada.” (1)(Abebe Selassie)
Vivemos em um tempo em que nada é certo, tal é, aliás, o Novo Paradigma, segundo os filósofos de hoje.
No entanto, não é nesse campo que se situa o senhor Selassie, “chefe de missão do FMI para Portugal”, quando fala de incertezas, pois se ele sente incertezas, as mesmas situam-se não na sua metodologia, não no seu pensamento, mas no contexto económico.
Ora a primeira grande questão está mesmo na metodologia e no pensamento que enforma este cavalheiro.
Assim, seremos, acha ele, todos parte de economias iguais, com modelos de organização iguais, com filosofias de gestão iguais, e se não o somos teremos de o ser, isto é, a ecologia do sr Selasie é uma ecologia uniforme do Polo Norte ao Polo Sul e quando não a é, há que passar a ser.
Assim, organizem-se as estatísticas e comparemos as mesmas estatísticas, fora dos contexto sociais, fora dos processos históricos, fora dos elementos culturais, e sempre que nessa comparação surgir algo de diverso, mude-se, pela força se fôr necessário.
Exemplos retirados do seu discurso, comprovativos do que digo – a) caso mercado de trabalho, “ as distorções existentes – os desvios claros face a outros países da OCDE – foram todas identificadas, á exceção de uma que ainda está em curso: o pagamento de indemnizações (por despedimento). Temos o compromisso do governo em descer o nível até à média da União Europeia (entre 8 e 12 dias); b) caso contenção da crise, “Os desequilíbrios fundamentais que causaram, a crise – défice, dívida, défice externo – foram abordados. E isso produzirá efeitos !”
Eis como um incompetente resolve uma incompetência – ignorando-a.
Assim, e começando com o “ponto chave” que segundo o próprio Selassie é “conter a crise”.
Será que a crise portuguesa é conjuntural, ou se estrutural, para o sr Selassie limita-se a ser vista no plano dos conceitos estritos de uma “teoria económica” tão frágil que merece muito pouca consideração teórica, pois,
a) Esquece que Portugal foi, durante os últimos cinco séculos uma economia não nacional, (enfim, correctamente, imperial), o que só findou em 1974/5, num contexto de integração reforçada, com a definição de especializações regionais, via, inclusivamente, procedimentos legais determinadores do que se podia e do que não se podia produzir;
b) Esquece que Portugal era, desde 28 de Maio de 1926, uma economia bloqueada e gerida centralmente, em lógica direitista, mas em pouco distinta dos centralismos do espaço COMECON, com um grau de crescimento limitada por opção estatal centralista, o que conduziu a um alargamento do fosso entre o espaço económico português e as economias mais avançadas
c) Esquece que Portugal, estando no sul da Europa, lamentavelmente está na Europa e que foi, durante década e meia, reserva de captação de mão de obra barata para essa Europa, França, Grã Bretanha, Alemanha Federal, sendo que essa mesma mão de obra confrontada com essa Europa rica, trouxe para o seu país expetativas e exigências que tiveram custos e foram a real base para o défice, para a divida, para o défice externo, já que tal resulta da electrificação do país, da criação da rede de estradas do país, da criação do sistema de saúde do país, da criação do sistema de ensino do país, da criação do sistema de água canalisada do país, elementos centrais do que gerou o défice, a divida e o défice externo.
d) O sr Selassie na sua incompetência escamoteia esta realidade central baseada em d.1) o enorme fosso existente entre Portugal e a então CEE, d.2) as expetativas e as exigências trazidas para Portugal pelos que na Europa rica conviveram com o que não existia em Portugal, d.3) a pressão sobre a classe politica resultante dessas expetativas e exigências, d.4) a pressão sobre a classe politica resultante da adesão à CEE teoricamente facilitadora da criação de condições para a concretização das referidas expetativas, d.5) a necessidade perante a pressão dos cidadãos e a pressão da CEE/UE do endividamento, do défice e do défice externo.
A divida portuguesa não é pois comparável às existentes nas experiencias irlandesas, islandesas, gregas e até espanholas, e assim o conter a crise deveria ter sido vista neste contexto e por isso no contexto da autodenominada Coesão Económica e Social da CEE/União Europeia, razão central para a celeridade nos processos de aproximação aos valores da Coesão, o que não foi!
O segundo exemplo é também paradigmático pois o mercado de trabalho português é aquele que gera os mais baixos custos operativos, no publico e no privado e, por isso mesmo, tinha surgido um consenso nacional que apontava para uma acrescida protecção ao elo mais fraco da economia, o Factor Trabalho, consenso que, aliás, tinha raízes no tempo do consulado salazarista, que centrava a economia numa produção de baixíssimos salários e algum controlo da mão de obra, a industrial, por via das prerrogativas limitadas mas existentes .
Ora a destruição deste consenso nacional, e sobretudo feito de fora, romperá todo o tecido relacional produtivo e, a prazo, será somente gerador de enorme conflitualidade social com graves impactos económicos.
Dois exemplos bem claros da incompetência do sr Selassie e da troika claro!
:coisasdehoje.blogs.sapo.pt
Vivemos em um tempo em que nada é certo, tal é, aliás, o Novo Paradigma, segundo os filósofos de hoje.
No entanto, não é nesse campo que se situa o senhor Selassie, “chefe de missão do FMI para Portugal”, quando fala de incertezas, pois se ele sente incertezas, as mesmas situam-se não na sua metodologia, não no seu pensamento, mas no contexto económico.
Ora a primeira grande questão está mesmo na metodologia e no pensamento que enforma este cavalheiro.
Assim, seremos, acha ele, todos parte de economias iguais, com modelos de organização iguais, com filosofias de gestão iguais, e se não o somos teremos de o ser, isto é, a ecologia do sr Selasie é uma ecologia uniforme do Polo Norte ao Polo Sul e quando não a é, há que passar a ser.
Assim, organizem-se as estatísticas e comparemos as mesmas estatísticas, fora dos contexto sociais, fora dos processos históricos, fora dos elementos culturais, e sempre que nessa comparação surgir algo de diverso, mude-se, pela força se fôr necessário.
Exemplos retirados do seu discurso, comprovativos do que digo – a) caso mercado de trabalho, “ as distorções existentes – os desvios claros face a outros países da OCDE – foram todas identificadas, á exceção de uma que ainda está em curso: o pagamento de indemnizações (por despedimento). Temos o compromisso do governo em descer o nível até à média da União Europeia (entre 8 e 12 dias); b) caso contenção da crise, “Os desequilíbrios fundamentais que causaram, a crise – défice, dívida, défice externo – foram abordados. E isso produzirá efeitos !”
Eis como um incompetente resolve uma incompetência – ignorando-a.
Assim, e começando com o “ponto chave” que segundo o próprio Selassie é “conter a crise”.
Será que a crise portuguesa é conjuntural, ou se estrutural, para o sr Selassie limita-se a ser vista no plano dos conceitos estritos de uma “teoria económica” tão frágil que merece muito pouca consideração teórica, pois,
a) Esquece que Portugal foi, durante os últimos cinco séculos uma economia não nacional, (enfim, correctamente, imperial), o que só findou em 1974/5, num contexto de integração reforçada, com a definição de especializações regionais, via, inclusivamente, procedimentos legais determinadores do que se podia e do que não se podia produzir;
b) Esquece que Portugal era, desde 28 de Maio de 1926, uma economia bloqueada e gerida centralmente, em lógica direitista, mas em pouco distinta dos centralismos do espaço COMECON, com um grau de crescimento limitada por opção estatal centralista, o que conduziu a um alargamento do fosso entre o espaço económico português e as economias mais avançadas
c) Esquece que Portugal, estando no sul da Europa, lamentavelmente está na Europa e que foi, durante década e meia, reserva de captação de mão de obra barata para essa Europa, França, Grã Bretanha, Alemanha Federal, sendo que essa mesma mão de obra confrontada com essa Europa rica, trouxe para o seu país expetativas e exigências que tiveram custos e foram a real base para o défice, para a divida, para o défice externo, já que tal resulta da electrificação do país, da criação da rede de estradas do país, da criação do sistema de saúde do país, da criação do sistema de ensino do país, da criação do sistema de água canalisada do país, elementos centrais do que gerou o défice, a divida e o défice externo.
d) O sr Selassie na sua incompetência escamoteia esta realidade central baseada em d.1) o enorme fosso existente entre Portugal e a então CEE, d.2) as expetativas e as exigências trazidas para Portugal pelos que na Europa rica conviveram com o que não existia em Portugal, d.3) a pressão sobre a classe politica resultante dessas expetativas e exigências, d.4) a pressão sobre a classe politica resultante da adesão à CEE teoricamente facilitadora da criação de condições para a concretização das referidas expetativas, d.5) a necessidade perante a pressão dos cidadãos e a pressão da CEE/UE do endividamento, do défice e do défice externo.
A divida portuguesa não é pois comparável às existentes nas experiencias irlandesas, islandesas, gregas e até espanholas, e assim o conter a crise deveria ter sido vista neste contexto e por isso no contexto da autodenominada Coesão Económica e Social da CEE/União Europeia, razão central para a celeridade nos processos de aproximação aos valores da Coesão, o que não foi!
O segundo exemplo é também paradigmático pois o mercado de trabalho português é aquele que gera os mais baixos custos operativos, no publico e no privado e, por isso mesmo, tinha surgido um consenso nacional que apontava para uma acrescida protecção ao elo mais fraco da economia, o Factor Trabalho, consenso que, aliás, tinha raízes no tempo do consulado salazarista, que centrava a economia numa produção de baixíssimos salários e algum controlo da mão de obra, a industrial, por via das prerrogativas limitadas mas existentes .
Ora a destruição deste consenso nacional, e sobretudo feito de fora, romperá todo o tecido relacional produtivo e, a prazo, será somente gerador de enorme conflitualidade social com graves impactos económicos.
Dois exemplos bem claros da incompetência do sr Selassie e da troika claro!
:coisasdehoje.blogs.sapo.pt
domingo, 4 de novembro de 2012
sábado, 3 de novembro de 2012
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